Hoje tem post didático com mais um primo lá do nosso Cafofo Homens da Casa ( o grupo do HC lá no facebook). O Gaspar tá aqui pra falar de um estilo meio polêmico, mas que vem fazendo a cabeça de muita gente: o Kitsch
Kitsch is the new black
Pegando carona no ensaio pra lá de cafona KITSCH que a diva Beyonce fez grávida (quem não viu dá uma “googlada e depois ceis me dizem o que acharam) , cá estou eu pra falar desse estilo que existe há muitos anos mas que o termo só começou a ser usado há uns 146 aninhos atrás, mas vive na boca do povo do mundo da moda, arte e decoração.
Bom, primeiramente, quando usamos a expressão “the new black” a gente quer dizer que alguma coisa no momento é a nova tendência, é a nova moda visto que o preto nunca sai de moda, sacaram? É uma expressão do mundinho fashion o qual esse ser que vos fala frequenta. Tipo azul é o novo preto, caveiras é o novo preto, cimento queimado é o novo preto. Portando se algo “é o novo preto”, você pode ter certeza de que não vai errar. Aqui abaixo podemos ver um exemplo do “novo preto” em um objeto de decoração totalmente kitsch que é o jarro de abacaxi de plástico na versão de louça todo branco.

Jarro de plástico famoso nos anos 60 da marca Trol e releitura de cerâmica branca em formato de pote.
Kitsch é brega ou brega é ser kitsch?
Mas o que mesmo significa kitsch? O que difere esse estilo do brega e cafona? Qual o limite entre eles? Bom vamos começar a entender o que significa a palavra kitsch. O termo “kitsch” surgiu na Alemanha e descreve tudo aquilo que é de mau gosto no âmbito da estética (estudo do que é belo nas manifestações artísticas e naturais), e no cenário da decoração, serve para exemplificar uma mistura de estilos, elementos e cores. Aqui o termo kitsch não peca pelo excesso. Quanto mais misturar melhor. É o verdadeiro “samba do crioulo doido”.
O kitsch ainda serve para descrever objetos que estão na moda, mas que são feitos sem rigor estético, sem capricho, muitas vezes com material barato e sem acabamento.
Um bom exemplo de objetos kitsch são os bibelôs de porcelana barata, os objetos de plásticos usados na decoração e no dia a dia, bichinhos de pelúcia, anões de jardim, paisagens tropicais estereotipadas com coqueiros ao pôr-do-sol, representações de crianças chorando (anos 80 totaaaaaaaaaaaaaaaaal aquelas que se a gente virava o quadro de lado via um bicho comento a pobrezinha da criança…ô viagem de louco gente kkkkk), postais de vilas nevadas na Suíça e por aí vai.
“Nossinhora” me lembrei agora! O que dizer das lembrancinhas que as nossas tias trazem dos lugares que elas visitam quando vão nas excursões para as cidades do “circuito das águas”, aquele copinho que abre e fecha com a inscrição “estive em tal lugar e lembrei de você”. E os canecos de porcelana de Aparecida do Norte? E os galinhos lá de Portugal que mudam de cor quando o tempo também muda?
Pensem na Carmem Miranda, no tango, nos filmes do Almodóvar, no pingüim de geladeira. Isso é o kitsch: nem cafona, nem brega e tampouco de mau gosto. Feito para sonhar, está acima de qualquer estereótipo. Ele homenageia o bom humor e sapateia pelo clássico, flerta com o lúdico ou revela seu lado cult através da arte pop, que o tornou mais conhecido mundo afora.
Sem medo da cafonice
Ao mesmo tempo que o kitsch conflita na decoração ele brinca com a descontração e o divertimento. O kitsch quando usado com sabedoria cria um ambiente com personalidade, com atitude, com nostalgia. Usar paredes e pisos mais discretos e abusar dos objetos e móveis é uma maneira boa de usar a miscelânea sem ficar com cara de brega demais, tudo demais, exagerado demais. O uso de alguns móveis mais neutros não deixa o ambiente carregado demais. O kitsch quando bem dosado torna-se cool.
A vantagem de abusar desse estilo é ter uma decoração descontraída, única e barata. OUSADIA é a palavra de ordem. Garimpar objetos é uma das coisas mais divertidas e engraçadas quando se pensa nesse estilo.
Feiras como as da Praça XV, ou a Feira do Rio Antigo no Lavradio aqui no Rio, a feirinha de antiguidade do Bixiga, da Benedito Calixto ou da Liberdade em SP são ótimos lugares para se embrenhar nesse mundo coloridão, exagerado e de gosto duvidoso.
Já deu pra perceber né, que existe uma linha tênue entre o que é kitsch e o que é cafona. É claro que o que é cafona pra mim, pode ser kitsch pra você e vice versa. O que vale é decorar seu cafofo do seu jeito, com o seu gosto, com a sua cara e personalidade e SER FELIZ. Essa história de “cagar regra” – impor tal comportamento, e achar que deve seguir essas regras – está fora de moda.
Ah, vale pensar também nas releituras daquilo que um dia foi “brega/cafona ou kitsch” e deixa-lo cool, contemporâneo, atualizado.
Eu mesmo enquanto escrevia essa matéria fui olhando ao meu redor e fui descobrindo coisas aqui na minha sala que nem Jesus perdoaria rs…É só dar um look nas fotos a seguir pra ver que fui contaminado.

Exemplo de releitura do antigo pinguim de geladeira

Matrioskas da Madonna (quem me conhece sabe que sou fã da Véia) que eu acho simplesmente cafonérrimas mas presente né, é igual a cavalo dado, não se olha os dentes

Paninhos de crochê sob crânio/vaso de gesso com decupagem imitando aquelas porcelanas brancas com pinturas azuis.

Mais um exemplo de uma atualização dos pratinhos de porcelanas antigas com a interferência de uma figura de um crânio – Kitsch “no úrtimo” mas a casa é minha então F&$%*#

Espelho de plástico imitando madeira entalhada, se fosse coloridão seria mais a cara do Kitsch; mesinha de azulejo português – essa é original, não dou, não vendo não troco

Coleção é kitsch. Tá aí a minha coleção pequena de patinhos de borracha que vieram de alguns lugares do mundo.

As vezes a coisa não é Kitsch, mas a gente a torna kitsch como o Ken na banheira transparente cheia de pérolas – bem gay né? kkkk

Baleiro de vidro preto com o famoso padrão que se assemelha a casca da jaca, por isso o nome Bico de Jaca, tão famoso nos anos 70 e kitsch

E finalmente o telefone de crânio esmaltado (ecaaaaaaaaaaaaaa, acho uoh mas foi presente hehehehehehe
Enfim, dá pra brincar com o que é cafona ou kitsch, olhando assim separadas e fora do contexto as peças ficam estranhas mesmo, mas vendo a decoração toda elas nem chamam tanto a atenção, acho que é só não exagerar e ser feliz!!!!
Gaspar Carlini – Mineiroca (mineiro morando no Rio) designer de estampas, professor na área de moda e um cara que não pára de imaginar, pensar e criar. Agora descobri que sou kitsch…
6 Comments
PARABÉNS tio Edu o sobrinho Gaspar Carlini tirou onda no textão bem a cara do HC. E Gaspar amei o prato, e o meu telefone de crânio ? esmaltado e igual o seu adoroooo…. Acho que sou um pouquinho kitsch hahaha
Passo, obrigado.
Oi! Mas “mininu” do céu, a lenda dos quadros dos meninos chorando é verdade mesmo kkkk Siiiiiiimmmmm!
Quando eu era criança meu pai inventou de trazer um troço (kitsch) desse aqui pra casa e de madrugada eu sentia o meu corpo levitar e depois alguém me enforcando,era punk passar a noite no meu quarto, eu tentava gritar ou correr na madrugada e não conseguia.
(resumindo)E não deu outra qd viraram o danado do troço kistch de cabeça pra baixo aparecia a cara de um touro bravo, talvez pareidolia,ou não, só sei que aparecia o tal do touro.
Sumiram com o “treco do demo” daqui e a paz voltou a reinar. Aff !Passei sufoco com aquilo, na época eu tinha uns 8 anos. Ah! O que eu tinha era da menina afrodescendente chorando.
Não recomendo!
Bu
Caro senhor, pura e simplesmente adorei o que vi e li no seu blog. Eu própria já escrevi e publiquei um livro de nome “Fátima kitsch : outra estética” o qual fala sobre a iconografia dos souvenirs ligados ao culto de Nª Senhora de Fátima.
Estou grata por ter visto coisas fabulosas neste seu blog.
As maiores felicidades e cumprimentos,
Ondina Pires
Muito bom seus objetos decorativos! Incrível!