Hoje tem post didático com mais um primo lá do nosso Cafofo Homens da Casa ( o grupo do HC lá no facebook). O Gaspar tá aqui pra falar de um estilo meio polêmico, mas que vem fazendo a cabeça de muita gente: o Kitsch
Kitsch is the new black
Pegando carona no ensaio pra lá de cafona KITSCH que a diva Beyonce fez grávida (quem não viu dá uma “googlada e depois ceis me dizem o que acharam) , cá estou eu pra falar desse estilo que existe há muitos anos mas que o termo só começou a ser usado há uns 146 aninhos atrás, mas vive na boca do povo do mundo da moda, arte e decoração.
Bom, primeiramente, quando usamos a expressão “the new black” a gente quer dizer que alguma coisa no momento é a nova tendência, é a nova moda visto que o preto nunca sai de moda, sacaram? É uma expressão do mundinho fashion o qual esse ser que vos fala frequenta. Tipo azul é o novo preto, caveiras é o novo preto, cimento queimado é o novo preto. Portando se algo “é o novo preto”, você pode ter certeza de que não vai errar. Aqui abaixo podemos ver um exemplo do “novo preto” em um objeto de decoração totalmente kitsch que é o jarro de abacaxi de plástico na versão de louça todo branco.
Kitsch é brega ou brega é ser kitsch?
Mas o que mesmo significa kitsch? O que difere esse estilo do brega e cafona? Qual o limite entre eles? Bom vamos começar a entender o que significa a palavra kitsch. O termo “kitsch” surgiu na Alemanha e descreve tudo aquilo que é de mau gosto no âmbito da estética (estudo do que é belo nas manifestações artísticas e naturais), e no cenário da decoração, serve para exemplificar uma mistura de estilos, elementos e cores. Aqui o termo kitsch não peca pelo excesso. Quanto mais misturar melhor. É o verdadeiro “samba do crioulo doido”.
O kitsch ainda serve para descrever objetos que estão na moda, mas que são feitos sem rigor estético, sem capricho, muitas vezes com material barato e sem acabamento.
Um bom exemplo de objetos kitsch são os bibelôs de porcelana barata, os objetos de plásticos usados na decoração e no dia a dia, bichinhos de pelúcia, anões de jardim, paisagens tropicais estereotipadas com coqueiros ao pôr-do-sol, representações de crianças chorando (anos 80 totaaaaaaaaaaaaaaaaal aquelas que se a gente virava o quadro de lado via um bicho comento a pobrezinha da criança…ô viagem de louco gente kkkkk), postais de vilas nevadas na Suíça e por aí vai.
“Nossinhora” me lembrei agora! O que dizer das lembrancinhas que as nossas tias trazem dos lugares que elas visitam quando vão nas excursões para as cidades do “circuito das águas”, aquele copinho que abre e fecha com a inscrição “estive em tal lugar e lembrei de você”. E os canecos de porcelana de Aparecida do Norte? E os galinhos lá de Portugal que mudam de cor quando o tempo também muda?
Pensem na Carmem Miranda, no tango, nos filmes do Almodóvar, no pingüim de geladeira. Isso é o kitsch: nem cafona, nem brega e tampouco de mau gosto. Feito para sonhar, está acima de qualquer estereótipo. Ele homenageia o bom humor e sapateia pelo clássico, flerta com o lúdico ou revela seu lado cult através da arte pop, que o tornou mais conhecido mundo afora.
Sem medo da cafonice
Ao mesmo tempo que o kitsch conflita na decoração ele brinca com a descontração e o divertimento. O kitsch quando usado com sabedoria cria um ambiente com personalidade, com atitude, com nostalgia. Usar paredes e pisos mais discretos e abusar dos objetos e móveis é uma maneira boa de usar a miscelânea sem ficar com cara de brega demais, tudo demais, exagerado demais. O uso de alguns móveis mais neutros não deixa o ambiente carregado demais. O kitsch quando bem dosado torna-se cool.
A vantagem de abusar desse estilo é ter uma decoração descontraída, única e barata. OUSADIA é a palavra de ordem. Garimpar objetos é uma das coisas mais divertidas e engraçadas quando se pensa nesse estilo.
Feiras como as da Praça XV, ou a Feira do Rio Antigo no Lavradio aqui no Rio, a feirinha de antiguidade do Bixiga, da Benedito Calixto ou da Liberdade em SP são ótimos lugares para se embrenhar nesse mundo coloridão, exagerado e de gosto duvidoso.
Já deu pra perceber né, que existe uma linha tênue entre o que é kitsch e o que é cafona. É claro que o que é cafona pra mim, pode ser kitsch pra você e vice versa. O que vale é decorar seu cafofo do seu jeito, com o seu gosto, com a sua cara e personalidade e SER FELIZ. Essa história de “cagar regra” – impor tal comportamento, e achar que deve seguir essas regras – está fora de moda.
Ah, vale pensar também nas releituras daquilo que um dia foi “brega/cafona ou kitsch” e deixa-lo cool, contemporâneo, atualizado.
Eu mesmo enquanto escrevia essa matéria fui olhando ao meu redor e fui descobrindo coisas aqui na minha sala que nem Jesus perdoaria rs…É só dar um look nas fotos a seguir pra ver que fui contaminado.
Enfim, dá pra brincar com o que é cafona ou kitsch, olhando assim separadas e fora do contexto as peças ficam estranhas mesmo, mas vendo a decoração toda elas nem chamam tanto a atenção, acho que é só não exagerar e ser feliz!!!!
Gaspar Carlini – Mineiroca (mineiro morando no Rio) designer de estampas, professor na área de moda e um cara que não pára de imaginar, pensar e criar. Agora descobri que sou kitsch…
6 Comments
PARABÉNS tio Edu o sobrinho Gaspar Carlini tirou onda no textão bem a cara do HC. E Gaspar amei o prato, e o meu telefone de crânio ? esmaltado e igual o seu adoroooo…. Acho que sou um pouquinho kitsch hahaha
Passo, obrigado.
Oi! Mas “mininu” do céu, a lenda dos quadros dos meninos chorando é verdade mesmo kkkk Siiiiiiimmmmm!
Quando eu era criança meu pai inventou de trazer um troço (kitsch) desse aqui pra casa e de madrugada eu sentia o meu corpo levitar e depois alguém me enforcando,era punk passar a noite no meu quarto, eu tentava gritar ou correr na madrugada e não conseguia.
(resumindo)E não deu outra qd viraram o danado do troço kistch de cabeça pra baixo aparecia a cara de um touro bravo, talvez pareidolia,ou não, só sei que aparecia o tal do touro.
Sumiram com o “treco do demo” daqui e a paz voltou a reinar. Aff !Passei sufoco com aquilo, na época eu tinha uns 8 anos. Ah! O que eu tinha era da menina afrodescendente chorando.
Não recomendo!
Bu
Caro senhor, pura e simplesmente adorei o que vi e li no seu blog. Eu própria já escrevi e publiquei um livro de nome “Fátima kitsch : outra estética” o qual fala sobre a iconografia dos souvenirs ligados ao culto de Nª Senhora de Fátima.
Estou grata por ter visto coisas fabulosas neste seu blog.
As maiores felicidades e cumprimentos,
Ondina Pires
Muito bom seus objetos decorativos! Incrível!